‘O partido do Silvio Santos é o SBT’, diz ator que vive apresentador em série

Na série, ele dá vida ao apresentador Silvio Santos, 91, em sua fase madura.


Por Folhapress Publicado 20/10/2022
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Reprodução: Star+ Divulgação
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 José Rubens Chachá, 68, passava por um longo processo sempre que ia gravar suas cenas em “O Rei da TV”, que estreia nesta quarta-feira (19) no Star+. Na série, ele dá vida ao apresentador Silvio Santos, 91, em sua fase madura. Sim, com direito a cabelos pintadíssimos, dentição mais-que-perfeita e uma grossa camada de maquiagem sobre a pele.


“Eu faço o Silvio dos 50 anos até os 80, então quando chegou na fase dos 70 era uma grudação de coisa na minha cara (risos)”, lembra o ator em entrevista ao F5. “Eu ficava umas boas duas horas na cadeira do maquiador.”


Com a caracterização resolvida, era preciso acertar o tom do personagem, que -não custa lembrar- é uma das personalidades mais imitadas do Brasil. O intérprete procurou fugir da caricatura e diz que a maior parte da ação não se dá com o Silvio que o público se acostumou a ver na TV, mas com o homem por trás das câmeras.


“Muito pouco da série acontece quando ele está no palco, isso é a cerejinha do bolo”, explica. “Quando pinta, é uma coisa prazerosa de se ver, mas o que a gente foca não é isso. A gente mostra muito pouco ele em ação na televisão porque o que se conta realmente é a história dele, o passado e o presente… Então não tive a necessidade de imitar.”


Ele admite, no entanto, que nos momentos em que está frente a frente com a plateia fictícia da série, tentou reproduzir alguns trejeitos clássicos do apresentador. “Quando ele está fazendo o programa, aí, sim, tento colar um pouco nele”, conta. “Mas também sem exageros, porque todo mundo sabe imitar o Silvio Santos, eu não quis entrar numa concorrência.”

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Na produção, o ator retoma a parceria com Leona Cavalli, 52, que dá vida a Iris Abravanel, 74, a mulher de Silvio. Os dois já haviam interpretado personagens reais antes, os pintores mexicanos Frida Khalo e Diego Rivera na peça “Frida y Diego”, de Maria Adelaide Amaral. A diferença, desta vez, é que os retratados poderão eventualmente assistir às performances.


“É sempre um desafio muito grande interpretar alguém que existiu e, claro, alguém vivo, contemporâneo, é mais desafiador ainda”, admite a atriz. “Não só por causa da própria pessoa, mas também de quem conhece a personagem, que nesse caso são muitos. Portanto, é preciso lidar com essas expectativas.”


“O único caminho é a autenticidade, é fazer do seu jeito”, avalia ela. “Se eu quiser trazer para a minha construção qualquer tipo de expectativa, com certeza, não vai dar certo. Apesar de ser uma série escrita a partir de fatos reais, ela é ficcional. O ambiente que aparece na série, que é o familiar e de bastidores do SBT, é um ambiente de livre inspiração.”


Para compor os personagens, a dupla não chegou a se encontrar com Silvio e Iris na vida real –a série não foi autorizada pelo apresentador nem pela família. Chachá, no entanto, contou com a memória dos tempos em que trabalhou no SBT. “Ele foi meu patrão três vezes, né?”, conta, referindo-se a novelas como “Carinha de Anjo” (2016-2018) e ao trabalho como locutor da Tele Sena após a morte de Lombardi (1940-2009), a voz mais conhecida da emissora.

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“Minha primeira vez no SBT foi há muito tempo atrás, ainda na Vila Guilherme [zona norte de São Paulo], quando chamavam os estúdios de TVS ainda”, recorda sobre as gravações de “Dona Anja” (1996-1997). “Agora, por mais que eu tenha cruzado com ele no SBT, o Silvio está na minha vida desde que eu tinha 10 anos de idade. A gente assiste, ele invade a nossa casa aos domingos, né?”


Além disso, investiu nas características que o aproximavam do apresentador. “Eu acho que ele tem essa alegria e essa realização íntima e pessoal de estar com o público”, compara. “A gente que é de teatro sabe, né? A gente quer ver o público ali na frente vibrando, rindo e aplaudindo.”


Porém, faltava saber como era o homem por trás da figura mítica da TV. Tanto que Chachá diferencia esse lado do personagem, chamando-o pelo nome que consta no registro do apresentador. “Enquanto Senor Abravanel, o personagem partiu de uma intuição minha e de pesquisas feitas pela equipe de criação”, explica. “Foi uma parte muito desafiadora inventar um cara que ninguém conhece, embora conheça o seu personagem tão bem.”


O ator diz ter consciência de que interpretar uma personalidade tão conhecida pode gerar todo tipo de reação. “Claro que muita gente, no princípio, vai ter uma certa crítica porque não é o Silvio que aquela pessoa espera, não é o Silvio que ela tem dentro de si -seja como admirador ou como detrator”, avalia. “Mas o legal é que a série vai abandonando um pouco isso, e eu sinto que as pessoas vão esquecer do Silvio Santos real.”

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Apesar de ser uma versão ficcional, ele diz que muitas das idiossincrasias reais do apresentador estarão representadas. “Todo mundo tem um lado que ama e um lado que odeia do Silvio”, avalia ele. “É uma pessoa que gera amores exagerados e críticas exageradas também. E, na série, ele vai flutuar dentro desses olhares todos.”


Segundo Chachá, a produção explicita muitas das questões que costumam gerar controvérsias no discurso do apresentador, como o posicionamento político do apresentador, que já recebeu o presidente Jair Bolsonaro (PL) em casa. “A gente não passou pano, mas a série mostra que ele é uma pessoa pragmática”, antecipa.


“O partido dele é o SBT, né?”, diz o ator. “Ele faz conchaves aqui e acolá. Esteve tanto na ditadura quanto com o Fernando Henrique e com o Lula… Ele esteve com todo mundo, não tem um posicionamento. O posicionamento dele é o SBT. As pessoas, às vezes, o julgam como alienado, mas ele não tem essa característica.”

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