Câmara aprova Lei Paulo Gustavo, que destina quase R$ 4 bilhões para a cultura

O projeto recebeu 411 votos favoráveis e 27 contrários.


Por Folhapress Publicado 25/02/2022
 Tempo de leitura estimado: 00:00
Reprodução: Instagram
pp_amp_intext | /75894840,22468927481/ESTEREOSOM_FM_AMP_02

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira (24) o projeto da Lei Paulo Gustavo, que prevê a aplicação de R$ 3,862 bilhões em ações emergenciais para conter os efeitos da pandemia de Covid-19 sobre o setor cultural.


O projeto recebeu 411 votos favoráveis e 27 contrários. O relator do texto na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), acatou duas emendas. Por isso, a proposta volta ao Senado. Depois, segue para sanção do presidente Jair Bolsonaro (PL), que deve vetar.


Encampada pela oposição, o projeto libera cerca de R$ 3,9 bilhões para a área cultural, como forma de amenizar a paralisação de setor causada pela pandemia. A lei quer destravar parte dos recursos do Fundo Nacional da Cultura e do Fundo Setorial do Audiovisual, fundos públicos voltados para o fomento do setor cultural.


Uma parcela do dinheiro desses dois fundos públicos, do superávit financeiro, fica represado por causa da Lei de Responsabilidade Fiscal, que obriga a União a cumprir metas que limitam o déficit. Ou seja, o dinheiro está lá, mas grande parte dele não é destinado a políticas culturais.


A ideia é que esse dinheiro liberado seja executado por estados e municípios, assim como aconteceu com a Lei Aldir Blanc. No ano retrasado, esta última representou um aporte sem precedentes ao setor cultural brasileiro. Foram R$ 3 bilhões destinados aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios, também como forma de socorro durante a paralisação das atividades causada pela pandemia.

pp_amp_intext | /75894840,22468927481/ESTEREOSOM_FM_AMP_03


Do total previsto, R$ 2,797 bilhões serão destinados a ações no setor audiovisual e R$ 1,065 bilhão para ações emergenciais para a cultura. Uma mesma produção audiovisual poderá receber apoio de mais de um estado ou cidade.


Os recursos deverão ser executados até 31 de dezembro de 2022. Se houver algum problema, o prazo será automaticamente prorrogado pelo mesmo período em que não foi possível executar os recursos.
As fontes dos recursos serão o Orçamento da União e o superávit financeiro apurado em balanço das fontes de receita vinculadas ao Fundo Nacional da Cultura, além de outras fontes.


Guimarães acolheu duas emendas. Uma delas, do deputado Eli Borges (Solidariedade-TO), retira a expressão “pessoas do segmento LGBTQIA+” de artigo que trata dos mecanismos de estímulo à participação de segmentos da sociedade.


O relator disse que acatava parcialmente a emenda e que garantiria que, com um ajuste de redação, “todas as minorias serão contempladas no arcabouço geral das leis e dos editais a serem disputados no âmbito de todos os estados e municípios.”


Na justificativa para aprovação de sua emenda, que também pedia a exclusão da expressão “outras minorias”, Eli Borges argumenta que “homossexualidade não é hereditária. Na proporção que nascem homossexuais pobres, também nascem ricos, portanto, não é razoável estabelecer cotas para esses casos.”

pp_amp_intext | /75894840,22468927481/ESTEREOSOM_FM_AMP_04


“Ainda, uma pesquisa realizada nos Estados Unidos trouxe que casais homossexuais têm ganho anual conjunto maior do que os casais heterossexuais”, continua. “Ou seja, embora se reconheça a importância de políticas de inclusão para grupos minoritários, cotas para homossexuais afrontam o princípio da isonomia previsto na Constituição Federal e, por conseguinte, resultam no desequilíbrio de oportunidades e em uma desproporcionalidade que compromete qualquer caráter público de seleção.”


A outra emenda acatada foi apresentada pela deputada Bia Kicis (União Brasil-DF), aliada de Bolsonaro.

Ela determina que a Secretaria Especial de Cultura definirá, em no máximo 90 dias, as diretrizes a serem adotadas, considerando um planejamento estratégico que leve em conta segmentos culturais prioritários.


O governo Bolsonaro sempre se colocou contra a lei Paulo Gustavo. Numa live no dia 14, o secretário especial da Cultura, Mario Frias, e o secretário da área de fomento, André Porciuncula, afirmaram que o governo não é caixa eletrônico para os artistas, e criticaram o fato de a execução da lei não envolver a federação, mas apenas governadores e prefeitos.


Segundo Porciuncula, a aprovação da lei seria um jeitinho que os artistas encontraram para “voltar à farra dos gastos descontrolados”. “Vão promover o ‘Covidão’ da cultura, a gente vira só caixa eletrônico”, afirmou.


A lei homenageia o ator Paulo Gustavo, que morreu de Covid aos 42 anos, no início de maio do ano passado. Em pouco mais de 15 anos, ele saiu do anonimato para o posto de maior chamariz de público do cinema brasileiro. Ficou internado com por quase dois meses num hospital do Rio de Janeiro.

pp_amp_intext | /75894840,22468927481/ESTEREOSOM_FM_AMP_05


A trilogia “Minha Mãe É uma Peça”, estrelada por seu alter ego Dona Hermínia, vendeu cerca de 22 milhões de ingressos. O terceiro longa ostenta atualmente o título de maior bilheteria de filme nacional de todos os tempos, com uma renda bruta de R$ 143,9 milhões.

/75894840,22468927481/ESTEREOSOM_FM_AMP__FINAL_MATERIA |