Cinco sinais sobre a relação entre tireoide e gravidez

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Caso a mãe possua algum distúrbio de função tireoidiana prévio ou o desenvolva durante a gestação, é importante que todo cuidado seja tomado para que a falta de hormônios não atrapalhe a gestação


Por Redação Estereosom Publicado 18/06/2019
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As doenças autoimunes tireoidianas são muito mais frequentes no sexo feminino quando comparadas ao sexo masculino, particularmente durante o período fértil. Isto ocorre provavelmente por conta das alterações hormonais que a mulher apresenta ao longo da vida, principalmente no período gestacional.

“Durante a gestação, a glândula tireoidiana materna é sobrecarregada, pois precisa dar conta da produção de hormônios necessários para a mãe e para o bebê cuja tireoide só irá começar a se formar a partir da 8 ª semana de gestação” explica a Dra. Rosália Padovani, endocrinologista. Além disso, é durante o primeiro trimestre que ocorre o desenvolvimento neurológico do bebê de forma que a falta de hormônios tireoidianos nesta fase, pode levar a sérias complicações para o feto. “O hipotireoidismo gestacional está associado a um aumento no risco de aborto e parto prematuro” ressalta a especialista.

Desta forma, caso a mãe possua algum distúrbio de função tireoidiana prévio ou o desenvolva durante a gestação, é importante que todo cuidado seja tomado para que a falta de hormônios não atrapalhe a gestação. Para as mamães que já tem diagnóstico prévio de hipotireoidismo e fazem uso de hormônios tireoidianos, a dose da medicação deve ser aumentada assim que a gestação se inicia e normalmente este aumento é em torno de 30 %. Entretanto, quando o diagnóstico é realizado durante a gravidez, o tratamento com hormônios tireoidianos deve ser iniciado o mais precocemente possível. “Com o ajuste dos hormônios e acompanhamento adequado é possível reduzir o risco de complicações tanto para a mãe quanto para o bebê” salienta Dra. Rosália Padovani.

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A necessidade de avaliação da função tireoidiana em mães que não tem história de doença tireoidiana prévia irá depender dos fatores de risco maternos. Toda a mulher que apresentar: idade acima de 30 anos, sintomas de hipotireoidismo, histórias de doença tireoidiana, tireoidite pós-parto, cirurgia da tireoide ou exposição à radiação cirurgia tireoidiana prévia, histórico familiar de doença tireoidiana, bócio (aumento da glândula), histórico de diabetes tipo 1 ou outras doenças autoimunes, aborto prévio ou história de parto prematuro, deve ter sua função tireoidiana avaliada. 

A Dra. Rosália Padovani explica quais os sinais mais comuns:

1 – Dormir em pé: no início da gestação a mulher sente um sono fora do normal. Isso está ligado principalmente às alterações hormonais que acontecem nessa época. A principal delas é a elevação da progesterona, que pode chegar a 500% ao longo dos 9 meses, e desencadeia esse cansaço extremo. Além disso, há um aumento no volume de sangue na circulação, obrigando o coração a trabalhar bem mais para bombeá-lo para o corpo da mãe e do filho, e no gasto de energia para gerar a placenta e adaptar o corpo à nova situação. No segundo trimestre a placenta já está formada e os níveis hormonais estão estabilizados, o que ajuda a melhorar o quadro. No entanto, no terceiro trimestre a sensação de esgotamento e a vontade de adormecer em qualquer canto voltam, dessa vez porque a gestante é obrigada a carregar muitos quilos a mais do que estava acostumada e tem muita dificuldade para dormir bem à noite.

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2 – Andar meio desligada: mais uma vez a progesterona é a grande responsável. Ela altera certas funções do cérebro, especialmente na área ligada à atenção. A substância pode provocar um inchaço de algumas regiões do cérebro, ou ele todo, causado pela dilatação dos vasos cerebrais, alteração que pode comprometer a parte cognitiva. Tudo isso tende a voltar ao normal após o nascimento, já que os níveis de progesterona diminuem, mas a reversão total do quadro demora cerca de 40 dias após o nascimento. Outros fatores que fazem com que a mulher fique com a cabeça nas nuvens quando está grávida é a privação do sono, o cansaço e a alimentação deficiente.

3 – Emoções a flor da pele: quando a pessoa descobre que vai ser mãe, um turbilhão de sentimentos toma conta da sua cabeça. Alegria, medo, angústia, insegurança, tudo junto e misturado. E mais uma vez as alterações hormonais entram em cena e intensificam essas oscilações emocionais. No primeiro trimestre as taxas de progesterona, que é responsável por deixar o útero prontinho para receber e cuidar do embrião, e de estrógeno, que é ligado às características femininas, disparam, e, por isso, é nessa fase que essa característica fica mais evidente. No terceiro trimestre ela pode voltar a ser bem intensa, pois a gestante começa a lidar com uma ansiedade maior, já que o parto está próximo e ela já pode estar enfrentando situações como dificuldade para dormir, distanciamento do parceiro e cansaço extremo, que costumam deixa-la com os nervos à flor da pele.

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4 – Dói tudo: não é novidade para ninguém que as gestantes sofrem com dor nas costas. O que muita gente não sabe é que o desconforto não se restringe a essa parte do corpo. Conforme ela vai ganhando mais quilos e o bebê vai crescendo, as pernas começam a incomodar e os pés passam a inchar. E ainda existe uma dor que pouca gente comenta, mas que é bastante incômoda e aparece na região da virilha. Além do aumento do peso que incide sobre a região, à medida que o útero vai crescendo, os ligamentos mais próximos a ele, como os da pelve, se esticam, processo que pode levar a esse mal-estar e costuma dar as caras por volta da 20ª semana.

5 – Ai, que calor! É fato: as grávidas sentem mais calor. Isso acontece porque nessa fase ocorre também o aumento nos níveis de outro hormônio, o estrógeno, que favorece a dilatação dos vasos sanguíneos para garantir o aporte de sangue para o corpo da mulher e do bebê. Essa alteração desencadeia um aumento de cerca de meio grau no corpo da gestante. Não é muito, mas é o suficiente para que ela tenha que lidar com as ondas de calor. Conforme o parto vai se aproximando, a sensação piora por conta do esforço para carregar a barriga.

COMO TRATAR?

De acordo com Dra. Rosália, “em contrapartida, em um extremo oposto, a gestante também pode apresentar uma produção hormonal excessiva de hormônios tireoidianos, o chamado hipertireoidismo”. Este, ao contrário do hipotireoidismo, provoca sensação de calor excessivo, palpitações, nervosismo e dificuldade de dormir. Uma condição que pode trazer complicações para aumentando o risco de hipertensão arterial, problemas cardíacos, aborto, parto prematuro e baixo peso do recém-nascido. A principal causa de hipertireoidismo é a doença de graves, uma doença autoimune onde a mãe produz anticorpos que estimulam a glândula tireoide produzindo aumento da produção de hormônios. O tratamento é realizado com medicações chamadas antitireoidianos. Em casos extremos a cirurgia poderá ser necessária e deverá ser realizada no segundo trimestre, período de maior estabilidade da gestação.

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Neste contexto, mulheres que possuam história de doença tireoidiana ou encontram se dentro do grupo de risco para desenvolverem doenças tireodianas na gestação e pretendam engravidar, devem procurar seu médico para avaliação a fim de que possam se beneficiar de ter uma gestação segura e sem intercorrências.

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